domingo, 4 de maio de 2008

"Quantas Igrejas tem o Céu?" (Neruda) - Parágrafo 1: Dos encontros de jovens com Cristo, das missas e dos cultos evangélicos

Retiro Espiritual ou Micarê?


Sou católica e houve um período em minha vida que senti a necessidade de conhecer outras religiões e filosofias. Não que eu questionasse minha fé, nem que estivesse precisando preencher algum vazio, só queria entender o porque de várias opções, já que Deus é um só. Faz parte da minha natureza questionar "padrões", portanto não posso questioná-los sem antes conhecê-los (e, longe de mim, criticá-los). Assim, aprofundei-me na leitura da Bíblia, fui a missas ditas 'para jovens', participei de encontros de jovens com Cristo de uma igreja evangélica, fiz parte de um grupo de estudos kadercistas, fui a cultos de igrejas protestantes, freqüentei templos budistas e li as sagradas escrituras hinduístas (Bhagavad Gita e Srimad Bhagavatam).


O resultado dessas experiências todas?


Parágrafo 1 - Dos encontros de jovens com Cristo, das missas e dos cultos evangélicos*:


Não questiono a intenção dos encontros que participei, de ALGUNS cultos evangélicos e ALGUMAS missas que freqüentei. Questiono sim, A VALIDADE deles. Afinal, presenciei verdadeiros eventos, algo semelhante a micaretas:


- enquanto as pessoas chegavam e acomodavam-se em seus lugares, analisavam umas as outras dos pés à cabeça; em alguns lugares me senti um E.T., já que era a primeira vez que pisava ali (algo semelhante com o que um amigo meu define como "reconhecimento de área", que é a análise dos atributos físicos das pessoas, mais especificamente das mulheres, desse ou daquele bloco de uma micarê);

- evangélicos gritando histéricos e chorando(?) ao falar(?) com Deus (assim como se grita com o ambulante ao comprar cerveja quando se está próximo ao trio elétrico);

- pastores e padres convocando os fiéis a fazerem dancinhas ridiculamente coreografadas e a cantarem musiquetas cheias de arranjos pop (exatamente como Bell convoca os Chicleteiros a dar a volta no trio cantando "Chi-clé-tê" e eles jogam a mão pra cima respondendo "ôba-ôba");

- ao invés de retidão, o clima nos bastidores era de muita azaração e pegação ("e não é isso que as pessoas procuram ao comprar um abadá?", diria aquele meu amigo);

- carolas de meia-idade pagando de cocotas e filhas de pastores com decote escondido embaixo do "casaco engana-papai" subindo ao altar, com a desculpa de ler trechos da Bíblia, para verem e serem vistas (isso me lembra Gilberto Gil e seus Convidados do Expresso 2222);

- o fim dos cultos e das missas, e o reencontro do encontro, eram aguardados ansiosamente, momento em que as pessoas podiam finalmente fazer o que parecia ser o real motivo de estarem lá: fofocar da filha do pastor que apareceu grávida, da carola apaixonada que "deu em cima" do padre durante a confissão, do casal que foi pego transando no banheiro durante o encontro de jovens, etc. (algo parecido com os 'babados' pós-micaretas, vaidosamente contados por aqueles que os viram e/ou viveram, àqueles que não puderam ou não quiseram ir).


Ou seja, a prática da religião virou carnaval fora de época pirata, onde a igreja é o bloco, os padres e pastores são os artistas, o altar é o trio elétrico e os 'fiéis' são os foliões.


Até acho nobre a intenção dessas igrejas de pregar Deus, Sua palavra e Seus ensinamentos a tantos quantos for possível, e de reforçar a fé de seus fiéis a cada dia mais descrentes (talvez por isso lancem mão de formas questionáveis de se fazer isso). Mas daí a tornar Jesus Cristo um personagem apenas para atrair uma platéia, me faz questionar a validade desses atos. Afinal, será que no final das contas e dos contos, saberá o fiel porquê ele estava ali? Porquê deve ele ser temente a Deus? E qual seria mesmo a incessante busca do cristão? E o que deve ser feito para atingir o objetivo dessa busca?

Em tempos de "Pirataria é Crime", prefiro as micarês originais. Portanto, continuarei a freqüentar somente elas.

E como já me estendi demais, fica pra outros posts o "Parágrafo 2 - Das leituras e estudos de outras doutrinas" e o "Parágrafo Único - Do porquê de permanecer católica".





*Cabe aqui esclarecimentos, antes que me crucifiquem com comentários: O que escrevi são impressões do que VI e VIVI em todas as situações acima citadas, e que, A MEU VER, guardam, com suas devidas proporções, alguma semelhança. Participei dos encontros de jovens a convite de amigos, fui a missas e cultos com pessoas que os freqüentam todos os domingos, sou micaretera de carteirnha há mais de 10 anos. Portanto, não entrei de qualquer jeito por qualquer porta, não estou falando de completos desconhecidos e tenho conhecimento de causa sobre micarês. Além do mais, esse blog É MEU, NÃO CITEI NOMES NEM LUGARES (com exceção de pessoas públicas) e NÃO GENERALIZEI. Portanto NÃO FIZ JUÍZO DE NADA NEM DE NIGUÉM, até porque não é a mim que cabe isso.






"Ergueei as mããos, e daai glória a Deeus" (Padre Marcelo Showman Rossi)

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